A Classificação dos tipos de pés:
Existem diferentes métodos de classificar a tipologia de um pé, não apenas pela sua aparente estrutura, mas cultura, origem étnica, profissão etc, todos têm servido ao longo da história como métodos de classificação dos membros inferiores. (Scherer and Morris, 1996).
Cedo se tentou ligar diferentes tipologias de pés com variações no seu comportamento e/ou patologias.
Com esta página o autor pretende reunir alguns dos modelos ou paradigmas de explicação e funcionamento do pé Humano
Classificação Morfológica dos pés
Desde 1845 Durlacher, Hugh Owen Thomas em 1874 e Dr Mathias Scholl 1899, que se tenta classificar a tipologia dos pés, essencialmente pela sua aparência morfológica.
Depois de se fazer uma pedigrafia ou outra técnica para obter uma impressão do pé em estático, procede-se à avaliação da mesma:
Dividindo a impressão desde o segundo dedo até ao centro do calcanhar (1) encontramos o lado medial e lateral do pé, em seguida divide-se a imagem ao centro no plano transversal (2).
A superfície correspondente ao meridiano 2 de volume do pé designa-se poristmo (A) , que deve possuir um tamanho igual a ⅓ da zona mais larga (B) do pé (metatarsos), ou seja A x 3 = B (pé "normal"), caso A x 3 = > B, estamos perante um pé plano, caso A x 3 = < B, estamos na presença de um pé cavo
Vantagens deste tipo de classificação:
Pela primeira vez criou-se um sistema de tipificar os tipos de pés, de forma a identificar patologias comuns e formas de tratamento.
Mais ou menos simples de avaliar, não é necessária tecnologia dispendiosa.
Problemas deste tipo de classificação:
Baseia-se em observação e no critério mais ou menos objetivo/subjetivo do observador
Trata-se de uma metodologia de classificação estática com dificuldade de relacionar com o comportamento dinâmico /Funcional do pé.
Classificação Funcional dos pés:
Modelo de Root:
Nos anos 70 alguns investigadores Norte Americanos liderados pelo "Pai" da biomecânica moderna o Dr Merton L. Root estudaram o pé determinado um posicionamento "normal" ou neutro da articulação subastragalina e os desvios do padrão apresentando as raízes da classificação moderna:
Antepé Varus-Valgus
Retropé Varus-Valgus
Pé Neutro
Equinus
Vantagens deste tipo de classificação:
Baseia-se numa metodologia científica e não no critério mais ou menos objetivo do observador, ou aparência externa do pé.
Trata-se de uma classificação mecânica funcional e não puramente morfológica.
Problemas deste tipo de classificação:
Difícil de classificar e entender para leigos.
Demora muito tempo a fazer um exame.
Modelo Kirby:
Kevin A. Kirby, DPM Professor do departamento de Biomecânica da California School of Podiatric Medicine, tendo sido aluno de Root, o Dr Kirby é reconhecido como um dos grandes investigadores em podologia biomecânica.
O modelo de Kirby baseia-se no posicionamento dos eixos da articulação subastragalina nos planos sagital e transversico.
Baseando-se nas indicações de Manter e Root que o eixo da articulação deve apresentar cerca de 16º no plano sagital (imagem A), Kirby notou que este eixo varia entre a população, resultando nos tipos de pés com desvio Lateral (imagem C) ou medial (imagem B).
Como se diagnostica:
Com o paciente sentado, segurando o seu pé pela cabeça do 5º metatárso, explora-se o eixo, começando pelo extremo medial posterior.
Pressiona-se até que o pé não supine ou prone e marca-se esse ponto.
Repete-se o procedimento ao longo do pé.
Exemplo:
Imagem de pé com desvio medial
Vantagens deste tipo de classificação:
Classificação mais ou menos simples sem necessidade de recorrer a cálculos ou metodologia elaborados.
Problemas deste tipo de classificação:
Demora algum tempo a fazer um exame.
O exame tem que ser feito por um profissional de saúde qualificado.
Modelo Fuller
Dr Eric Fuller do California college of Podiatry.
Baseando-se no trabalho do Dr Kevin Kirby, o Dr Fuller estudou a relação entre o equilíbrio rotacional (modelo kirby) e os COP (center of pressure) utilizando para tal uma plataforma de pressões.
Segundo este modelo existem três tipos de pés:
Tipo I
COP desviado lateralmente do eixo da articulação subastragalina, tratando-se de um pé com um momento de pronação mais prolongado.
Tipo II
COP coincidente com o eixo da articulação subastragalina (definido por Fuller como "Pé equilibrado")
Tipo III
COP desviado medialmente do eixo da articulação subastragalina
Fuller sugere que este tipo de pé é extremamente raro, sendo o equinovarus um exemplo deste tipo de pé.
Vantagens deste tipo de classificação:
Classificação muito completa e precisa.
Problemas deste tipo de classificação:
É necessário recorrer a métodos de diagnóstico muito elaborados e caros.
Demora algum tempo a fazer um exame.
O exame tem que ser feito por um profissional de saúde qualificado.
Foot Posture Index
Em 1998 o Dr Anthony Redmond criou o Foot Posture Index (FPI) que se baseia nas seguintes premissas:
Avaliação do pé estático
O FPI não pretende substituir uma avaliação biomecânica.
Método Rápido, simples e sem a utilização de equipamento caro.
Trata-se de um método de classificação do pé baseado na quantificação da aferição de 6 pontos: Observação (4), palpação (1) e medição (1):
1.Palpação da cabeça do astrágalo
2.Verificação curvas superior/inferior do maleolo lateral
3.Posicionamento do calcâneo
4.Proeminência articulação astragalina
5.Aspecto arco medial
6.Abdução/adução do pé
A cada ponto mensurável o observador quantifica uma pontuação:
-2
-1
0
+1
+2
O resultado será a soma de todos os pontos atribuídos e traduz-se no seguinte:
-12 A -5 Altamente Supinado
-4 A -1 Supinado
0 A +5 Neutro
+6 A +9 Pronado
+ 10 A +12 Altamente Pronado
Vantagens deste tipo de classificação:
Trata-se de uma metodologia fortemente baseada em aspetos morfológicos mensuráveis ou quantificáveis do pé, pelo que se torna fácil de utilizar.
Método repetível e facilitador da comunicação entre profissionais uma vez que os resultados são apresentados em pontos.
Problemas deste tipo de classificação:
Continua a ser uma metodologia fortemente baseada em aspetos morfológicos e não mecânicos ou funcionais.
Modelo Demp
O Dr Philip H. Demp é um podologista e matemático que desenvolveu uma metodologia de classificação do pé baseada em modelos matemáticos, segundo o Dr Demp um amigo matemático influenciou-o na sua investigação ao afirmar que " A matemática é uma ferramenta de precisão para qualquer disciplina que queira ser considerada ciência, incluindo a podologia".
O modelo de Demp implica fazer medições precisas da morfologia do pé, aplicando-lhe fórmulas matemáticas precisas, resultado uma figura geométrica que mostra o desvio do padrão.
Espera-se que este modelo possa vir a desempenhar um papel muito importante na cirugia podológica.
X and Y are the axes. The points 1, 2, 3, 4 and 5 produce the (x,y) coordinates. C is the conic curve.
Vantagens deste tipo de classificação:
Trata-se de uma metodologia fortemente baseada em aspetos morfológicos mensuráveis ou quantificáveis do pé, pelo que se torna muito credível e repetível.
Problemas deste tipo de classificação:
Método pouco prático para uma utilização regular
Conclusão:
Cada modelo ou paradigma possui mérito cientifico ou clínico, no entanto não existe nenhum que se sobreponha aos outros, pelo que é comum se utilizar terminologia e/ou classificações cruzadas de vários modelos
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